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A palavra Antroposofia tem origem grega e significa sabedoria humana, a Sociedade Antroposófica no Brasil adotou a definição “conhecimento do ser humano” Rudolf Steiner, seu criador, definiu a Antroposofia como “um caminho de conhecimento para guiar o espiritual do ser humano ao espiritual do universo”.

 

Em Antroposofia a lucidez da razão é essencial, e a busca constante é pelo conhecimento superior. Tem como objetivo maior fazer com que o ser, ampliando a capacidade de sua consciência, delibere sobre seus atos e pensamentos, tornando-se mais humano e espiritualmente livre de materialismos, intolerâncias e superstições. 

 

A Antroposofia aplica-se ao todo que abrange a vida humana, incluindo agricultura, medicina, educação, arquitetura e artes.

 

Damos a seguir uma lista de aspectos para caracterizar a Antroposofia e para distingui-la de outros conjuntos de idéias, filosofias e práticas:

 

  1. Abrangência. Ela cobre toda a vida humana e a natureza - daí suas aplicações em praticamente todas as áreas da vida. A mais popular dessas realizações práticas, a Pedagogia Waldorf, que desde 1919 representa uma revolução em matéria de educação, tem seus resultados visíveis em mais de 1.000 escolas no mundo inteiro.

  2. Edifício conceitual. Ela é apresentada sob forma de conceitos que se dirigem à capacidade de pensar e à sede de conhecimento e compreensão do ser humano moderno.

  3. Espiritualismo. Por seu método ela chega ao fato de que o universo não é constituído apenas de matéria e energia físicas, redutíveis a processos puramente físico-químicos. Ela descobre um mundo espiritual, estruturado de forma complexa em vários níveis. Por exemplo, os seres humanos têm um nível de "substância" espiritual, não-física, mais complexa do que a das plantas e dos animais, daí sua distinção em relação a eles. Ela também descreve seres puramente espirituais, que não têm expressão física, e que atuam em vários níveis diferentes de espiritualidade. Alguns desses seres estão em níveis acima dos da constituição humana, mas nem por isso deixam de ser compreensíveis por um pensar abrangente e perceptíveis conscientemente por meio de uma observação direta supra-sensorial.​ Para a Antroposofia a substância física é uma condensação da "substância" espiritual, não-física. É, portanto, um estado do "ser" espiritual. Se formos tanto ao microcosmo das "partículas" atômicas e sub-atômicas, como ao macrocosmo das estrelas e galáxias, começamos a penetrar diretamente no mundo não-físico. Nesse sentido, a Antroposofia representa um monismo: para ela não existe o paradoxo do espírito atuar na matéria; ele é a origem de tudo.

  4. Antropocentrismo. Ela parte da compreensão do ser humano para ele entender não só a si próprio como a todo o universo. Para ela, o ser humano gerou, na sua evolução, o mundo dos animais. Estes são especializações evolutivas do ser humano, que representa a razão de ser do universo físico, dele também dependendo a evolução do mundo espiritual.

  5. Desenvolvimento de órgãos de percepção supra-sensorial. A Antroposofia demostra que o mundo espiritual pode ser observado com tanta clareza com que se observa o mundo físico. Para isso, é necessário que se desenvolvam individualmente órgãos de percepção que jazem latentes em todos os seres humanos, sendo nesse sentido indicados exercícios de meditação individual. Aquilo que se denomina normalmente de "intuição" já é, para a Antroposofia, uma percepção espiritual. No entanto, ela não é consciente e nem auto-controlada, como devem ser as observações espirituais adequadas ao homem moderno, que deseja absorver idéias com a compreensão de seu pensamento, fazer observações próprias e não ter crenças e crendices. A meditação antroposófica baseia-se na atividade do pensamento consciente, que deve conservar sua clareza, ser totalmente controlado e ser desenvolvido a ponto de não depender de conceitos e imagens provenientes do mundo físico. 

  6. Desenvolvimento da consciência, da auto-consciência, da individualidade e da liberdade. A Antroposofia preconiza que essas quatro características humanas devem ser radicalmente preservadas e mesmo desenvolvidas.

  7. Cosmovisão aberta. Toda a obra de R.Steiner - ele publicou 40 livros e deu cerca de 6.000 palestras agrupadas em 270 volumes - e de seus continuadores está publicada. Não há absolutamente nada de secreto na Antroposofia.

  8. Perspectiva histórica. A Antroposofia fornece uma grandiosa perspectiva para a evolução da Terra e do ser humano, abrangendo todo o passado histórico e pré-histórico. Através dela pode-se conceitualmente compreender muito do que foi transmitido na antigüidade através de imagens como as dos mitos antigos e os relatos no Velho e Novo Testamentos, passando pela filosofia grega, os movimentos heréticos, a Idade Média, a Renascença e até os movimentos materialistas modernos. Assim, ela resgata a continuidade histórica, mostrando como o ser humano atual é a conseqüência de uma linha de acontecimentos espirituais e físicos desde os primórdios do universo. 

  9. Renovação da pesquisa científica. A Antroposofia indica como ampliar a pesquisa científica tornando-a mais humana e mais coerente com a natureza, tendo obtido ótimos resultados no desenvolvimento de medicamentos, na compreensão dos animais e plantas, etc. Nesse sentido, ela deve ser considerada como uma evolução do método científico estabelecido por Goethe. Em particular, sua Teoria das Cores foi estendida e melhor conceituada a partir de pesquisas científicas feitas e publicadas por antropósofos.

  10. Desenvolvimento moral. A Antroposofia recomenda um desenvolvimento moral que deve ser feito pessoalmente, fundamentado no conhecimento da essência do ser humano e do universo. Para ela, o desenvolvimento moral baseado em um amor altruísta é a missão do ser humano na presente Terra. As atitudes morais devem preservar a liberdade individual, isto é, não devem ser baseadas em imposições exteriores de mandamentos, dogmas e leis, mas irradiar do amor e do conhecimento individuais em plena liberdade.

 

O que a Antroposofia não é:

 

  • Não é um movimento ou edifício místico de idéias. O misticismo é essencialmente baseado em sentimentos e em visões imagéticas sem que sejam acompanhados de um pensamento cognitivo; é transmitido em forma de imagens e metáforas. A Antroposofia é fruto de observações permeadas por um pensamento consciente, e é transmitida sob forma de conceitos, dirigida à busca por compreensão de fatos, fenômenos e idéias que caracteriza o ser humano contemporâneo.

  • Não é uma religião. Ela não tem cultos. Ela é cultivada individualmente, em grupos de estudo abertos e nas instituições onde é levada à prática.

  • Não emprega mediunismo. O desenvolvimento e o uso de órgãos de percepção supra-sensível devem ser feitos em plena consciência de vigília, preservando a autoconsciência e a individualidade.

  • Não é sexista, racista ou nacionalista. Pelo contrário, ela mostra que a essência de cada ser humano, o que ela denomina de Eu Superior, e cuja evolução é a nossa missão na presente Terra, não tem sexo, nem raça, nem religião e nem nacionalidade.

  • Não é moralista. Não há regras de conduta para aqueles que adotam a Antroposofia como princípio de vida. Cada um deve estabelecer suas próprias regras de conduta consciente, de acordo com o conhecimento e não a partir de impulsos inconscientes ou seguindo tradições cegamente.

  • Não é dogmática. Rudolf Steiner referiu-se várias vezes ao fato de que não se deveria acreditar naquilo que ele expôs, e sim tomá-lo como hipótese de trabalho à espera de comprovação pessoal. Em particular, deve-se sempre verificar que o que ele transmitiu confere com aquilo que se observa na natureza, forma um todo coerente, e não contradiz fatos científicos. Em uma palestra proferida em Milão em 21/9/1911, Steiner disse: "Muitas coisas que eu disse hoje somente podem ser controladas por meio da pesquisa oculta. Mas, meus queridos amigos, peço a vocês que não acreditem nessas coisas e as verifiquem com os fatos que acontecem na História e com todas as experiências que tiverem. Estou tranqüilo em saber que, quanto mais as examinarem, tanto melhor pode-las-ão confirmar. Na época do intelectualismo, eu não apelo à sua fé em uma autoridade, mas ao seu exame intelectual."

  • Não é uma seita, e muito menos secreta. Ninguém que estuda a Antroposofia recebe indicações sectárias ou secretas; tudo está publicado e os grupos de estudo, incluindo os Ramos da Sociedade Antroposófica no Brasil, podem ser freqüentados por qualquer pessoa.

  • Não é uma sociedade fechada. Qualquer pessoa pode tornar-se membro da Sociedade Antroposófica Geral, diretamente ou por meio dos Ramos da Sociedade Antroposófica no Brasil. A admissão na Sociedade não depende de etnia, religião, nível sócio-econômico e educação.

  • Não é Teosofia. Rudolf Steiner iniciou suas atividades públicas dando palestras sobre os resultados de suas próprias observações dos mundos espirituais para membros da Sociedade Teosófica, no início do século XX. Ele tornou-se Secretário Geral do ramo alemão daquela sociedade, onde permaneceu até 1912. Por divergências profundas para com as idéias propagadas pelos dirigentes da mesma, ele saiu dela e fundou em 1913 a Sociedade Antroposófica. 

Gostaríamos de adicionar uma última observação sobre uma palavra que dá margem a muitos mal-entendidos e pode despertar preconceitos. Steiner emprega a palavra oculto em um sentido bem específico. Ele quer com isso referir-se ao que não está acessível aos nossos sentidos físicos. Se considerarmos os 5 sentidos usuais, talvez agregando ainda o do calor, essa sua expressão não deve despertar estranheza: com esses sentidos não se pode observar certas atividades interiores do ser humano, como a volição, os sentimentos e os pensamentos.

 

Em particular, a ciência moderna está praticamente reduzida em sua parte experimental à detecção de impulsos visuais, diretamente ou através de resultados de medidas exibidos por aparelhos. Obviamente, ninguém nunca viu nossos impulsos de vontade, nossos sentimentos e pensamentos. Se aparelhos, como na ressonância magnética, detetam alguma reação física do organismo àquelas atividades, certamente não se está detectando elas próprias, e sim conseqüências delas em nosso organismo. Ninguém dirá que o aparelho "sente" como nós sentimos; os nossos sentimentos são, portanto, ocultos no sentido de Steiner. Da mesma forma, aquilo que dá vida a um ser vivo é oculto: podemos perceber sua manifestação através do próprio ser, mas a "força" que é a essência da vida não é perceptível a nossos sentidos físicos. Uma contribuição fundamental de Steiner foi chamar a atenção para o fato de que esse "oculto", não-físico, pode ser investigado e conceituado com a mesma clareza com que se investigam os fenômenos físicos, se bem que com outros métodos e com outros órgãos de percepção.

Antroposofia

 

Projeto Kanobia

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