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“Sistema agroflorestal é um nome coletivo para sistemas e tecnologias de uso da terra onde lenhosas e perenes são usadas deliberadamente na mesma unidade de manejo da terra com cultivares agrícolas e/ou animais em alguma forma de arranjo espacial e seqüência temporal” (Nair, 1993)

A natureza está sempre evoluindo para estágios mais complexos, com maior quantidade de vida e diversidade. A função do manejo agroflorestal regenerativo é acelerar esse processo, permitindo que os indivíduos animais e vegetais ocupem o ambiente e contribuam para a restauração ecológica, ao mesmo tempo em que o ecossistema possa produzir alimentos e outros produtos. A idéia básica é a cooperação e coexistência entre ser humano e natureza; é inserir a atividade humana no fluxo de vida do planeta. Na trama trófica, as espécies estão inter-relacionadas e, cada uma que se instala, traz consigo pelo menos outras duas.

Restauração de ecossistemas é a denominação que se tem atribuído ao desafio de, por meio de interferências planejadas, reconstruir a estrutura e criar condições para que se restabeleçam também os processos ecológicos naturais de cada ecossistema.

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Para o manejo agroflorestal, o primeiro princípio a ser incorporado é a observação e compreensão dos mecanismos naturais: as funções das espécies espontâneas e dos animais para o sistema, as estratégias por eles exercidas e a dinâmica da água, sol, solo e vento. Duas ou mais espécies podem dividir espaços muito próximos desde que desempenhem diferentes funções e ocupem diferentes nichos e estratos no consórcio. Assim, fica alterado o conceito de competição entre as plantas, pois só haverá competição se estas concorrerem pelos mesmos recursos, o que não deve acontecer se os papéis delas forem complementares no sistema.



Como a idéia é alavancar e acelerar os processos sucessionais, trabalha-se com as espécies espontâneas do lugar, que cumprem sua função no sistema como

companheiras e adubadeiras, e com espécies introduzidas, que devem trabalhar de forma a substituir algumas plantas espontâneas, levando a sucessão à frente. Existe o uso de dois conceitos para o planejamento de sistemas de produção sucessionais: a “analogia”, para buscar as similaridades na estrutura e dinâmica das populações entre sistemas naturais e antrópicos, e a “transformação”, para reposição de algumas espécies nativas por espécies úteis preenchendo o mesmo nicho funcional e  estrutural que as nativas precedentes. Fornecendo ao homem alimentos e reservas d'água.

Sendo assim, o ponto de partida é a sucessão natural, a direção que a vida se move no tempo e no espaço. Para otimizar os processos naturais, pode-se alavancar a sucessão por meio

(i) da criação de condições para o estabelecimento de sementes de diversas espécies, o que pode ser conseguido pelo rápido recobrimento da área com espécies (herbáceas, arbustivas ou arbóreas) de crescimento rápido - as pioneiras;

(ii) a conexãode áreas florestais próximas;

(iii) o plantio de espécies dispersas por animais, que podem contribuir muito no fluxo gênico e na dispersão de sementes diversas;

(iv) o manejo que acompanhe e acelere a dinâmica natural da sucessão.

Os níveis de complexidade dos sistemas agroflorestais evoluem dos mais simples - consórcios de espécies agrícolas com arbóreas sem a preocupação da dinâmica da sucessão e da biodiversidade, constituindo consórcios agroflorestais aos mais complexos - ecossistemas agroflorestais, com dinâmica e diversidade similares às florestas naturais.

Os princípios da agrofloresta buscam usar árvores em sistemas agrícolas com o papel de:

(i) reduzir a insolação direta sobre o solo, promovendo maior diversidade de vida no solo; 

(ii) reduzir o impacto direto das gotas de chuva sobre o solo, reduzindo a compactação e a erosão e aumentando a infiltração;

(iii)capturar nutrientes de camadas profundas do solo e bombeá-los para a superfície; 

(iv) reduzir o efeito erosivo do vento que contribui também para reduzir a umidade; 

(v) promover matéria orgânica no solo, condição básica para a agricultura tropical, (vi) adicionar nitrogênio por fixação biológica; 

(vii) promover biodiversidade, vida.



Os sistemas agroflorestais, pela aproximação aos ecossistemas naturais em estrutura e diversidade, representam um grande potencial para a restauração de áreas e ecossistemas degradados. Podem ser empregados tanto como estratégia metodológica de restauração, com o objetivo de reduzir os custos por meio da compensação financeira em curto e médio prazos por produtos agrícolas e florestais, como para a constituição de agroecossistemas sustentáveis, com produtos orgânicos e saudáveis. Os objetivos diferem em relação à necessidade dos proprietários e à aptidão do ecossistema.



O estabelecimento de agroflorestas como “zona tampão” ao redor de fragmentos florestais, corredores biológicos e áreas de produção biodiversificadas e permanentes promovem a restauração da paisagem, que contribui também para a conservação dos ecossistemas. Os sistemas agroflorestais têm papel de destaque na busca de alternativas para o desenvolvimento rural sustentável, principalmente por transformar as atividades de produção de degradantes em regenerativas.



Agrofloresta

Quanto mais vida, mais vida...

Projeto Kanobia

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